Dizem, sou um cabeça de vento,
vivendo ao relento,
por tudo que não tenho, só lamento;
Por acomodação e falta de
oportunidade,
vivo perambulando por toda a
cidade,
sofrendo abusos e muita maldade;
Teria eu outra vida se fosse buscar
comida,
mas como seria isso se a coragem é
reprimida?
não me animo pra nada pois a
depressão me liquida;
Todos me ignoram, me sinto invisível,
isso para mim é algo muito terrível,
mas o ser humano é mesmo desprezível;
Sou o quê? Gente, humano, desumano?
pela minha condição, talvez seja
profano,
pois não me esforço pra fazer
qualquer plano;
Penso, penso, penso, o que fazer da
vida,
não chego a nenhuma conclusão e
isso me intriga,
de tanto pensar e pensar fico com
muita fadiga;
Na situação em que me
encontro,
todos me discriminam e parto pro
confronto,
para me defender estou sempre
pronto!
Como cheguei até aqui para mim é um
segredo,
pai não sei, mãe não sei, irmãos
não sei e isso me dá medo,
o que é família, não sei, e como
saberia se sai de um degredo?
O Estado diz me proteger e cuidar
de mim,
não entendo , se o que todos querem
é o meu fim!
Na teoria pode ser, mas na prática
não é assim!
Uma pátria cuidadora, cuida bem dos
seus filhos,
a minha, para esconder as mazelas
me joga sobre os trilhos,
criando programas, os mais absurdos
que nos deixam cheios de “grilos”!
Uma pátria educadora, prepara cedo,
suas crianças para um futuro promissor,
a minha, ao contrário, o faz
criando situações de causar muito horror,
os parlamentos estão cheios de políticos que conspiram mesmo pro pavor!
Estou no país Brasil, não sei se
sou brasileiro,
nada tenho, documentos nenhum, vivo
no desespero,
sou excluído, catador de lixo,
morador de rua, vivo num vespeiro!
Quando
o Sistema Político Brasileiro se tornar honesto,
talvez
haja mudança real para mim e o todo o resto,
enquanto
isso fico nessa vida que detesto!
Mauro Souza.