terça-feira, 9 de abril de 2013

HOMOFOBIA

                                                                                                                                                                                    




Era uma tarde linda, já com o por do sol se iniciando.

Surgiu em minha frente uma criatura de uma beleza jamais vista nesse imenso planeta.

Ela me sorriu, com sorriso angelical, deixando-me atordoado. Esfreguei os olhos, me esbofeteei, e por fim, me belisquei para chegar à conclusão que não estava dormindo.

Permaneceu ali, estática. Também fiquei. Ficamos nos olhando, não sei por quanto tempo. Percebi, sutilmente, a noite chegar. O céu muito estrelado, a lua cheia e clara quase como a luz do dia nos revelava naquele belo encontro.

O flerte mútuo nos incitava a avançar um contra o outro sugerindo um abraço afetuoso, tendenciosamente a não nos separarmos, jamais!

A emoção e o receio daquele abraço não se concretizar, por risco de rejeição, de uma ou outra parte, formava uma barreira que impedia o avanço daquela negociação silenciosa.
Talvez por essa dúvida quanto à aceitação de ambos, o desejo se intensificou abrindo espaço para o amor agir naturalmente.

Não se perdeu mais nenhum segundo daquele tempo precioso que parecia infinito, mas que se esvaia rapidamente.

Então fomos, silenciosamente, a um lugar mais reservado, bem próximo do qual estávamos.

Sob luz opaca, quase na penumbra, nos livramos de todos os acessórios e penduricalhos que estavam em nossos corpos e ficamos, naturalmente, limpos.

Quando a vi naquele momento sublime, percebi que era mais bela do que antes.

Ali, nos amamos de todas as formas, deliramos de prazer. Eu a possuí, amando-a, incondicionalmente. Ela também fez o mesmo.

Em muitos momentos fomos "machos" e “fêmeas".

Em um instante qualquer, me surgiu a dúvida se aquela maravilhosa criatura e eu teríamos o mesmo sexo; mas aquele amor intenso não me permitiu essa constatação.

Cheguei até a esquecer minha homofobia e meu sexismo.

Adormecemos, e, ao amanhecer, ela desapareceu, do mesmo modo que me surgiu no dia anterior.

Lamento e depressão tomaram conta de mim, forçando-me a ser o que era antes...

Mauro Souza
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