quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A Carta Lida Mil Vezes

Recebí sua carta, exitei em abrí-la, quiçá, lê-la;
Engavetei-a e desengaveitei-a inúmeras vezes;
Saí da mesa de cabeceira e retornei tentando criar coragem de ler o que fora escrito por ti;
Isso foi suplicante, durou uma eternidade; mas enfim, aconteceu:  abri o envelope,  trêmulo, com receio de amarrotá-lo;
Li, li, li, outra vez li… fiquei em trânse. Entendi tudo o que estava posto naquele sulfite, mas não compreendi, como também não aceitei nem as próprias vírgulas.
Fiquei triste, esbravejei. Enfurecido, quase a destruí e a transformei em cinzas; mas recuei e a coloquei na gaveta. Naquela noite dormí, não sei como;
Dia seguinte, mente fresca, li a carta. Li outra vez, mais outra e outra, na ânsia de ver se conseguiria acatar seus argumentos em não aceitar minha proposta;
E assim continuei lendo, lendo, lendo… todos os dias. Isso aconteceu mil vezes; mil dias li aquela carta.
Acordei para a vida e tive a idéia de falar-lhe pessoalmente;   mas após tanto tempo, cheguei tarde; pois entregastes o coração que imaginava um dia ser meu, a outrem.
Esperarei um milagre, em que, algum dia,  possa receber uma segunda carta sua ao contrário da primeira…
Mauro Souza
www.www.maurogaiver.blogspot.com